O que vos passou pela cabeça? Arriscaria dizer que uma de três coisas:
1 - Nada
2 - Este gajo é um parvo do caralho por me fazer levantar da cadeira.
3 - Parecendo que não, o universo ainda é um bocado grande e eu sou insignificante ao comparar-me a tal grandeza.
Aos que pensaram na terceira hipótese: Parabéns, descobriram que a vossa existência não é assim muito importante. Por muitos presentes que tenham recebido no Natal, as leis da física continuam a aplicar-se em Marte, a trajectória das luas de Júpiter manteve-se inalterada e o bitoque com ovo a cavalo continua a levar com o ovo por cima. Nada mudou.
Tão constante quanto saboroso.
Agora pensa nas coisas que tu, leitor e ser humano, podes fazer que tenham qualquer tipo de real impacto em grande escala. As decisões que tu possas tomar, por muita importância que lhes dês, apenas terão impacto nos teus círculos sociais mais próximos, salvo raríssimas excepções. O facto de teres acabado com a tua última namorada, que tanta baba e ranho te fez deitar, não é relevante para um atleta chinês. O facto da tua melhor amiga ter traído a tua confiança e tu teres cortado relações com ela não fez com que o Tony Carreira parasse de produzir música de merda. Mesmo que faças alguma coisa completamente aberrante, do género andar na rua todo nu a gritar "SOU O PROFETA DA CERELAC" ou entrar numa escola de caçadeira na mão a disparar a tudo o que mexe, o máximo que vais conseguir é a atenção temporária dos media, o desprezo dos teus amigos, a falta de orgulho dos teus pais e um final triste numa prisão ou hospital psiquiátrico. Mesmo que acabes o teu curso a um domingo e consigas ser primeiro-ministro deste país, o máximo que conseguirás é ser insultado diariamente por milhões de pessoas, tendo como paga o facto de daqui a 100 anos já ninguém se lembrar de ti. A existência humana está sempre presa à insignificância.
Se perante tal constatação tu reages dizendo "quero lá saber de pessoas que nem conheço e a importância que elas me dão, quero é saber de mim e dos que me são próximos!" dou-te mais uma vez os parabéns! Estás dentro do jogo da insignificância. Porque é exactamente assim que um círculo de amigos de Tokyo olha para ti: "Quero lá saber, quero que te fodas português. Fica ai com os teus caracóis no verão que eu fico com o meu Hentai."


Decisão difícil para qualquer homem português.
Mesmo que consigas fugir a todo este esquema, e inventar algo tão espectacular quanto uma máquina para viajar no tempo, um iPhone que só custe 10 ou 20 euros ou qualquer outro feito que faça com que o teu nome fique na história da humanidade para toda a eternidade junto de nomes como os de Einstein, Platão, Jesus Cristo ou Eusébio, dou-te mais uma vez os parabéns. Trabalhaste arduamente toda a tua vida para ficar na história mas vais morrer da mesma forma que um gajo que morra de fome por não lhe apetecer levantar o rabo do sofá. E provavelmente menos feliz que ele. Já para não falar do facto de a tua grandiosa obra poder vir a ser mal interpretada e tu já cá não estares para a defenderes.
Muito mais podia ser dito, mas não me apetece. E depois de tudo isto, sabem o que é mais fodido? É que estou a tomar antibióticos e portanto não me posso ir embebedar.